Times formados por homens e comandados por mulheres
No último dia 12 de abril, o Cine Julita apresentou o
documentário: “Mulheres do Progresso – Muito Além da Várzea”, produzido pelo
coletivo DoLadoDeCá.
O evento contou com as participações de Thais Siqueira, pesquisadora
do documentário, e Júlia Cruz, diretora de produção do documentário. Elas
também trouxeram Sebastiana Santos, mais conhecida como “Tia Aninha”, que teve
a vida retratada na produção.
Outra convidada foi Suzana
Cavalheiro, ex-atleta profissional e coordenadora da iniciação esportiva de adolescentes e
jovens no Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (CEPEUSP). Já a mediação do debate
foi feita pela Beatriz Soares, ex-jogadora de futebol profissional e ex-aluna
da Fundação Julita.
Mulheres
na direção do futebol: quebra de estereótipos
Para uma plateia lotada, as
participantes debateram sobre a atuação feminina em diversas áreas dentro do
universo do futebol de várzea, incluindo mulheres que ocupam cargos de
diretoras e presidentas de times de futebol, ajudando a quebrar estereótipos
machistas que classificam mulheres que frequentam “beira de campo” como “marias
chuteiras”.
“Nosso coletivo “DoLadoDeCá”
organizava festivais de futebol de várzea com vários times. Diante disso, eu
comecei a perceber as mulheres do futebol com suas histórias inspiradoras.
Essas mulheres são diretoras ou presidentas de times masculinos, possuem voz
ativa e são respeitadas dentro do mundo do futebol de várzea”, explica Tais Siqueira,
integrante do coletivo DoLadoDeCá e pesquisadora do documentário.
Empoderamento feminino nos campos de várzea
Tia Aninha, também conhecida como uma das figuras mais carismáticas da várzea paulistana, é moradora do Jardim Iporanga, bairro próximo ao distrito do Grajaú, na zona Sul de São Paulo.Conhecida nos campos dos quatro cantos da cidade, venceu o machismo e o preconceito e já soma mais de 40 anos vivendo intensamente o clima das “beiras de campo”.
“A minha vida é o futebol, eu gosto dos jogos, de assistir as meninas e os meninos jogarem”, conta, emocionada, Tia Aninha.
Ainda sobre o machismo, Thais Siqueira ressalta que, pelo menos, dentro do futebol de várzea é possível notar um certo grau de respeito.
“O futebol é machista, sim, mas observamos que dentro da várzea há um respeito pelo trabalho que é realizado”, pontua.
Tatiana Ivanovici presente
Durante o Cine Julita foi ressaltado que o documentário “Mulheres do Progresso – Muito Além da Várzea” é a continuação do sonho de Tatiana Ivanovici, jornalista cultural e fundadora da rede DoLadoDeCá, falecida em 2015, aos 36 anos, vitima de um tumor.
“A Tati frequentava os campeonatos de várzea e escrevia sobre eles, ela era conhecida como a menina do blog. Depois, com a criação da Rede DoLadoDeCá,o trabalho continuou. E hoje a concretização desse documentário é também uma homenagem à Tati e a tudo que ela fez e representou”, relembra Thais.
Tia Aninha falando |
Thais com a palavra |
Beatriz mediando |
Suzana contando sua história |
O Cine Julita é organizado pelo Núcleo de Educomunicação da Fundação Julita, que existe desde 2014. O Núcleo de Educomunicação une a comunicação (análise e apropriação dos meios) à educação, trabalhando conceitos fundamentais para o desenvolvimento do senso crítico, entendimento dos meios de comunicação e da mídia, além de ser um recurso importante para a produção de textos, imagens e conteúdo midiático. Com o intuito de promover a participação social e o exercício da cidadania, além de formações pedagógicas, tendo como base a Educomunicação, o Núcleo já realizou dezenas de cines com temas da realidade da comunidade e quatro MiniFóruns (o último realizado uma vez por ano).
Fotos: Otávio Martins
Fotos: Otávio Martins
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