Nesta semana, fomos surpreendidos com a notícia de que a
diretora da escola Antônio Manoel Alves de Lima, senhora Valdete Carvalho,
havia iniciado (sem a concordância e o conhecimento dos alunos) um muro no
pátio da escola sob a justificativa de que usuários de drogas pulam da Fundação
Julita para a escola a fim de usar drogas. A escola faz divisa com a Fundação
Julita, grande parte dos nossos alunos estuda no Antônio Manoel no período contrário
em que frequentam as atividades socioeducativas da organização.
Em resposta ao episódio, a gestão pedagógica e institucional
da Fundação Julita gostaria de prestar esclarecimentos em relação às
publicações de blogs e outros veículos de comunicação a respeito de acusações
por parte da diretora da escola, senhora Valdete Carvalho, feitas à Fundação
Julita. E também gostaríamos de deixar registrado nosso posicionamento acerca
do caso.
· A
Fundação Julita atua há 62 anos na comunidade do Jardim São Luís. Diariamente,
atendemos 1.300 crianças, adolescentes, jovens e idosos por meio de nossas
atividades socioeducativas. A Fundação oferece gratuitamente educação infantil,
educação complementar, cursos de qualificação profissional e núcleo de
convivência da terceira idade. Possui atividades culturais, esportivas e
ambientais, além de assistência social e em saúde, com foco na convivência e
estruturação familiar. É praticamente o único espaço da região deste porte a
oferecer atividades culturais e de lazer em um espaço extenso de área verde de
47 mil m², que inclui uma fazendinha, aberta para visitação.
· Aos
fins de semana, a organização é aberta para a comunidade. São oferecidos cursos
de esporte em várias modalidades, além de atividades ambientais, de cultura e
lazer, como o Baile da Terceira Idade, sessões de filme infanto-juvenis e
biblioteca comunitária, que contabiliza mil empréstimos mensais. Também
sediamos torneios esportivos gratuitos duas vezes por ano, que vêm se tornando
tradição na comunidade, pois envolve times de várias regiões da zona Sul de São
Paulo e chega a movimentar 1 mil pessoas por fim de semana. Além disso, há
atividades ainda para familiares, como o evento de Jogos e Brincadeiras (Dia
das Crianças), Futsal para pais (Dia dos Pais) e outros, a fim de integrar a
família e envolvê-la nas atividades do espaço e no desenvolvimento de seus
filhos(as).
· Para
acompanhar as atividades desenvolvidas aos fins de semana na organização, há um
coordenador responsável no espaço que busca dialogar (política da organização)
com qualquer pessoa que possa ser um usuário de drogas e queira fazer uso
indevido de drogas em nosso espaço. Nossa política não é a de isolar o usuário
e sim, por meio de abordagens, inseri-lo em atividades culturais e esportivas.
O coordenador do espaço aos fins de semana tem essa função, entre outras, que é
a de zelar para que as pessoas se apropriem do espaço e possam usufruir do
mesmo sem discriminação, preconceito ou exclusão.
· O
projeto pedagógico da Fundação Julita prioriza a gestão compartilhada, na qual
a escola e a organização, além de outros atores, como a família e o próprio
educando, possam dialogar coletivamente para encontrar meios de resolver seus próprios
conflitos e entraves dentro do seu contexto social e local. Contribuindo,
assim, com o desenvolvimento do bairro nos aspectos de convivência e
participação, para além do núcleo da organização, tendo como objetivo principal
promover a melhora da condição de vida local.
· Nos
últimos cinco anos, a Fundação Julita tem feito contato com a escola Antônio
Manoel por diversas vezes, participamos de reuniões com a diretoria,
coordenação e professores, a fim de desenvolvermos atividades conjuntamente. Também realizamos convites para o uso do
nosso espaço, por exemplo, quando a quadra da escola foi interditada e
oferecemos as nossas para a realização de aulas de educação física. Ou mesmo,
por intermédio do Centro de Educação Ambiental da Fundação Julita, disponibilizamos
os espaços para aulas práticas de biologia e visita monitorada à Fazendinha.
Recentemente foi feita uma aula com os professores e alunos da escola dentro do
nosso espaço. Ou seja, estamos disponíveis e em contato permanente com a
escola.
· Em
relação às acusações da diretora do Antônio Manoel, publicadas em blogs e meios
de comunicação, não recebemos nenhum telefonema ou contato dela a respeito das
supostas invasões de viciados, porém declaramos que essa é uma realidade da
nossa comunidade que precisa ser “encarada de frente”, inclusive unindo todas
as instâncias (escola, família, governo, assistência social, ONGs, jovens) para
encontrar soluções e respostas para esse enfrentamento. E, portanto, estamos
disponíveis para, juntos, pensarmos em estratégias e ações para lidar com essa
realidade. Não somos a favor da construção de um muro para “isolar” esse
problema, que, acreditamos, ser um problema social do país e do contexto social
em que estamos inseridos.
Jânio
de Oliveira – Gestor Pedagógico da Fundação Julita
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