sábado, 7 de dezembro de 2013

NOTA DE ESCLARECIMENTO




Nesta semana, fomos surpreendidos com a notícia de que a diretora da escola Antônio Manoel Alves de Lima, senhora Valdete Carvalho, havia iniciado (sem a concordância e o conhecimento dos alunos) um muro no pátio da escola sob a justificativa de que usuários de drogas pulam da Fundação Julita para a escola a fim de usar drogas. A escola faz divisa com a Fundação Julita, grande parte dos nossos alunos estuda no Antônio Manoel no período contrário em que frequentam as atividades socioeducativas da organização.
Em resposta ao episódio, a gestão pedagógica e institucional da Fundação Julita gostaria de prestar esclarecimentos em relação às publicações de blogs e outros veículos de comunicação a respeito de acusações por parte da diretora da escola, senhora Valdete Carvalho, feitas à Fundação Julita. E também gostaríamos de deixar registrado nosso posicionamento acerca do caso.
·      A Fundação Julita atua há 62 anos na comunidade do Jardim São Luís. Diariamente, atendemos 1.300 crianças, adolescentes, jovens e idosos por meio de nossas atividades socioeducativas. A Fundação oferece gratuitamente educação infantil, educação complementar, cursos de qualificação profissional e núcleo de convivência da terceira idade. Possui atividades culturais, esportivas e ambientais, além de assistência social e em saúde, com foco na convivência e estruturação familiar. É praticamente o único espaço da região deste porte a oferecer atividades culturais e de lazer em um espaço extenso de área verde de 47 mil m², que inclui uma fazendinha, aberta para visitação.
·      Aos fins de semana, a organização é aberta para a comunidade. São oferecidos cursos de esporte em várias modalidades, além de atividades ambientais, de cultura e lazer, como o Baile da Terceira Idade, sessões de filme infanto-juvenis e biblioteca comunitária, que contabiliza mil empréstimos mensais. Também sediamos torneios esportivos gratuitos duas vezes por ano, que vêm se tornando tradição na comunidade, pois envolve times de várias regiões da zona Sul de São Paulo e chega a movimentar 1 mil pessoas por fim de semana. Além disso, há atividades ainda para familiares, como o evento de Jogos e Brincadeiras (Dia das Crianças), Futsal para pais (Dia dos Pais) e outros, a fim de integrar a família e envolvê-la nas atividades do espaço e no desenvolvimento de seus filhos(as).
·      Para acompanhar as atividades desenvolvidas aos fins de semana na organização, há um coordenador responsável no espaço que busca dialogar (política da organização) com qualquer pessoa que possa ser um usuário de drogas e queira fazer uso indevido de drogas em nosso espaço. Nossa política não é a de isolar o usuário e sim, por meio de abordagens, inseri-lo em atividades culturais e esportivas. O coordenador do espaço aos fins de semana tem essa função, entre outras, que é a de zelar para que as pessoas se apropriem do espaço e possam usufruir do mesmo sem discriminação, preconceito ou exclusão.
·      O projeto pedagógico da Fundação Julita prioriza a gestão compartilhada, na qual a escola e a organização, além de outros atores, como a família e o próprio educando, possam dialogar coletivamente para encontrar meios de resolver seus próprios conflitos e entraves dentro do seu contexto social e local. Contribuindo, assim, com o desenvolvimento do bairro nos aspectos de convivência e participação, para além do núcleo da organização, tendo como objetivo principal promover a melhora da condição de vida local.
·      Nos últimos cinco anos, a Fundação Julita tem feito contato com a escola Antônio Manoel por diversas vezes, participamos de reuniões com a diretoria, coordenação e professores, a fim de desenvolvermos atividades conjuntamente.  Também realizamos convites para o uso do nosso espaço, por exemplo, quando a quadra da escola foi interditada e oferecemos as nossas para a realização de aulas de educação física. Ou mesmo, por intermédio do Centro de Educação Ambiental da Fundação Julita, disponibilizamos os espaços para aulas práticas de biologia e visita monitorada à Fazendinha. Recentemente foi feita uma aula com os professores e alunos da escola dentro do nosso espaço. Ou seja, estamos disponíveis e em contato permanente com a escola.
·      Em relação às acusações da diretora do Antônio Manoel, publicadas em blogs e meios de comunicação, não recebemos nenhum telefonema ou contato dela a respeito das supostas invasões de viciados, porém declaramos que essa é uma realidade da nossa comunidade que precisa ser “encarada de frente”, inclusive unindo todas as instâncias (escola, família, governo, assistência social, ONGs, jovens) para encontrar soluções e respostas para esse enfrentamento. E, portanto, estamos disponíveis para, juntos, pensarmos em estratégias e ações para lidar com essa realidade. Não somos a favor da construção de um muro para “isolar” esse problema, que, acreditamos, ser um problema social do país e do contexto social em que estamos inseridos.

Jânio de Oliveira – Gestor Pedagógico da Fundação Julita

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