“Entrar
na Julita foi me transformando como ser humano; eu não tinha noção da questão
de direito, e quando alguém falava: ‘é isso’, eu acatava. Não me enxergava como
pessoa negra. Na Julita, revendo a minha história, eu passei a perceber o
quanto eu sofria por ser negra e morar na periferia”. - Rosa
Marlene Fernandes, 45 anos.
Iniciamos uma série para contar um pouco sobre a história de
pessoas que fazem a Fundação Julita acontecer, que se dedicam para a realização
deste trabalho que soma mais de 67 anos de história, com um grande impacto na
população, beneficiando 1.200 pessoas de todas as idades em situação de
vulnerabilidade social por meio da transformação de vida. Hoje vamos contar um
pouco sobre a Rosa Marlene:
“Tenho 13 anos de Fundação Julita, entrei aqui em 2006, como
educadora no CEI (Centro de Educação Infantil); passei 7 anos como educadora, o Jânio de Oliveira, Gestor Geral, me fez a proposta de ir trabalhar no CCA (Centro da Criança e Adolescente) e depois fui para o NCI (Núcleo de Convivência do Idoso). Fiquei assustada, pois, quando você pensa
em idoso, já vem a ideia de cuidado, e não, era para trabalhar na dinâmica e
auxiliar na parte burocrática”, diz a atual Assistente de Coordenação do NCI.
Em recordação, Rosa cita um dos seus momentos mais marcantes
no CCA: “Lembro que fiquei com algumas crianças aqui desde cedo e os
responsáveis não vieram buscá-las”; daí o Gestor Geral (Jânio) disse que se eu
quisesse ir embora, poderia, mas eu estava preocupada com elas, como iriam
ficar. E ele disse que iria dar um jeito. Saiu da Fundação, foi no trabalho da
mãe, depois na casa de uma das crianças; eram 3, não encontrando um responsável,
ele foi na casa da avó, achou e fizemos todo o processo.
Foi algo muito forte ver o Jânio ficar na Fundação até às 20
horas; ele é Gestor, poderia ter ligado para o Conselho Tutelar, resolvido e
ido embora, mas ele é uma pessoa 100% humana assim como a Fundação Julita. Então,
eu me pergunto: “como não acreditar neste trabalho?"
Temos uma capacidade de serviço para 100 pessoas no Núcleo
de Convivência do Idoso. Dentro da transição histórica da Fundação, ela
acredita no processo de envelhecimento, tanto que atende todas as faixas
etárias, temos 187 idosos acima de 60 anos.
Rosa Marlene é formada em pedagogia, passou pelas fases de
educação da Fundação Julita. Atualmente, busca um curso de pós em direitos
humanos, e, assim, busca agregar mais ainda à sua atividade na Fundação. “Não fui
eu que escolhi a Julita, foi a Julita que me escolheu; nunca pensei em ir
embora, gosto daqui, acredito no trabalho, já vi acontecer, e é um trabalho
humano para com a comunidade”, conta Rosa.
"Passar um pouco mais de conhecimento do que eles já têm a
respeito de direito é fundamental. Muitas vezes o idoso não sabe dos seus
direitos e às vezes é preciso que alguém fale pra ele em uma linguagem mais
popular. Sempre tento acolher da melhor forma possível! Uma palavra sobre a Fundação é vida, eu vejo que as pessoas
chegam aqui com pouca perspectiva e vão se descobrindo aqui! Um sentimento
sobre a Julita é amor e gratidão. Pessoalmente, eu me sinto realizada por estar
em um espaço aonde eu posso ajudar o outro”, conclui.
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