No último dia 10 de maio, a Fundação Julita recebeu o
Coletivo Cine Becos, que fez uma apresentação do projeto “Pé no Terreiro – pesquisa
sobre a presença negra na zona sul”, em formato de websérie.
Com o objetivo de fazer um resgate dos ancestrais
afro-brasileiros, questionando quem ajudou a construir a cidade de São Paulo, o
Pé no Terreiro fez uma investigação para dar visibilidade positiva aos
terreiros de candomblé e umbanda, na periferia na zonal sul. Com isso, buscou
mostrar uma nova narrativa periférica, diferente da violência mostrada em
programas sensacionalistas de televisão.
Quebrando preconceitos
Muitos terreiros estão instalados em casas simples e
sem identificação, como uma forma de proteção contra a intolerância religiosa.
A websérie apresenta lideranças religiosas e
terreiros, explicando que são espaços de saúde espiritual, lugares de acolhimento
de lideranças comunitárias, de reconexão com a ancestralidade e reconstrução da
imagem do povo negro com o seu território.
A websérie também contextualizou que o primeiro pé no
terreiro foi a senzala e que a periferia é a extensão da senzala.
Além disso, durante a palestra, outros espaços que têm
origens africanas foram apresentados. Lugares que foram “maquiados” pela
política de higienização, que imperou com o fim do tráfico de negros
escravizados.
“São Paulo era
um território negro, foi a política de higienização que apagou a real história.
Prova disso é que o bairro da Liberdade, conhecido como bairro japonês, era na
verdade um bairro de negros, que concentrava tortura e mortes para os negros na
época da escravidão. Além disso, o bairro do Bixiga, a igreja do Largo 13 de
Maio são outros exemplos de lugares que eram dos negros, mas, infelizmente,
atualmente poucas pessoas conhecem essas origens”, explica Luciana Dias,
pesquisadora do “Pé no Terreiro”.
A consciência da gratidão
Jovens do Programa Paineira da Fundação Julita (14 a
17 anos) participaram da palestra, muitos tiveram contato pela primeira vez com
o tema e tiraram dúvidas, interagiram com os palestrantes, Luciana Dias e Rogério
Pixote.
Luciana é ex-aluna da Fundação Julita:
“Estou voltando
aqui depois de muitos anos, apesar de ter vindo em alguns eventos como a
feijoada, para mim é muito legal! Estou revivendo o passado, me enxergando nos
jovens que estão aqui hoje, porque eu já passei por esse processo. Para mim,
esse é um momento de partilha de conhecimento, devolver na fonte os conhecimentos
que eu fui adquirindo ao longo do tempo. Sinto como uma volta às origens, estou
muito feliz!” finaliza a ex-educanda da Fundação.
Fundação Julita reflete o dia 13 de
maio
O que significa o 13 de maio para você?
Dentro desse questionamento e entendendo a
importância de debater a data, a Fundação Julita realizou uma serie de
atividades educativas e culturais.
Entre elas, o debate “História do racismo e seus desdobramentos”,
clique para conferir;
Palestra “Fala sobre as religiões de matriz africana
e sua importância na resistência cultural”, clique para conferir,
Cine Julita debateu o documentário “Quem te Penteia”,
clique para conferir; Roda de conversa sobre a história da capoeira e vivência
clique para conferir e “Exposição Fragmentos estéticos: Afro-brasileiros
racismo e religiosidade”, clique para conferir.
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